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quinta-feira, 28 de novembro de 2013
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Prostituta - Palavra na Raiz
PROSTITUTA
Do Latim prostituta, “aquela que fica à frente de”, de pro-, “à frente”, mais stituere, “colocar, instalar”. Inicialmente se referia a “expor-se publicamente”, como
é o caso de algumas profissionais o fazerem ainda nos dias atuais. Daí evoluir para “trocar sexo por dinheiro” e até “trocar princípios éticos por dinheiro ou outra vantagem” foi um pulo.
Como essa é uma palavra muito grande para ser dita de forma rápida, pode ser que "puta" seja sua possível abreviação, mas o verbo latino Putare é nada mais nada menos que "Pensar". Mas puta é comumente utilizado como adjetivo, a qualidade de uma mulher que vende sua relação sexual; porém, Puto pode ser sinônimo de dinheiro ("estou sem um puto na carteira.") ou estado emocional alterado sinonímio a raiva ("hoje eu to puto da vida!!!!").
Quando se subentende a questão da raiva, podemos supor que seja relacionado ao temperamento por vezes arredio das prostitutas ao ficarem nervosas nas mais diversas situações. Mas o que fica no ar é "e o puta que pariu?". Se for procurar nos sites por aí, há algumas definições bem interessantes com exemplos bem bacanas:
"Acessório de apoio para as mãos em veículos (Ao ver que o carro ir bater, ele segurou no puta que pariu e fechou os olhos)."
"No Brasil colônia, criança era
chamada de puto (ainda hoje em Portugal). As pessoas se identificavam
pelos nomes familiares (filho dos Silva; dos Corrêa). Quando uma menina
tinha um filho sem casamento e por ser muito nova de idade, as pessoas
da época identificavam o rebento como sendo filho(a) da puta (criança)
que pariu.
Vá pra puta que te pariu = Vá para perto de sua mãe..."
"Expressão de espanto, surpresa. Susto.
-Puta que pariu, esqueci que hoje era aniversário da minha namorada!"
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Graciliano Ramos de Oliveira?
Trecho de carta enviada em nov.1937 por Graciliano a Raúl Navarro, tradutor argentino, para ser anexado a um conto em vias de publicação em Buenos Aires IN: Cartas inéditas de Graciliano Ramos a seus tradutores argentinos Benjamín de Garay e Raúl Navarro, p. 123, EDUFBA, 2008“Os dados biográficos é que não posso arranjar, porque não tenho biografia. Nunca fui literato, até pouco tempo vivia na roça e negociava. Por infelicidade, virei prefeito no interior de Alagoas e escrevi uns relatórios que me desgraçaram. Veja o senhor como coisas aparentemente inofensivas inutilizam um cidadão. Depois que redigi esses infames relatórios, os jornais e o governo resolveram não me deixar em paz. Houve uma série de desastres: mudanças, intrigas, cargos públicos, hospital, coisas piores e três romances fabricados em situações horríveis – Caetés, publicado em 1933, S. Bernardo, em 1934, e Angústia, em 1936. Evidentemente, isso não dá uma biografia. Que hei de fazer? Eu devia enfeitar-me com algumas mentiras, mas talvez seja melhor deixá-las para romances.”
1892, 27/out: Graciliano Ramos de Oliveira nasce em Quebrangulo – AL
1953, 26/jan: É internado na Casa de Saúde São Victor. A 20/mar, morre de câncer no pulmão, no Rio de Janeiro – RJ.
Principais Obras:
1. Os livros mais importantes:
Caetés (1933)
S. Bernardo (1934)
Angústia (1936)
Vidas Secas (1938)
Infância (1945)
Insônia (1947)
Memórias do Cárcere (1953)
Viagem (1954)
Linhas Tortas (1962)
Viventes das Alagoas (1962)
Garranchos (2012)
S. Bernardo (1934)
Angústia (1936)
Vidas Secas (1938)
Infância (1945)
Insônia (1947)
Memórias do Cárcere (1953)
Viagem (1954)
Linhas Tortas (1962)
Viventes das Alagoas (1962)
Garranchos (2012)
2. Os infanto-juvenis, que tiveram organizações diferentes, conforme seus editores:
A Terra dos Meninos Pelados (1939)
Histórias de Alexandre (1944)
Alexandre e Outros Heróis (1962)
O Estribo de Prata (1984)
Minsk (2013)
Histórias de Alexandre (1944)
Alexandre e Outros Heróis (1962)
O Estribo de Prata (1984)
Minsk (2013)
3. Os livros de correspondência:
Cartas (1980)
Cartas de Amor a Heloísa (1992)
Cartas de Amor a Heloísa (1992)
4. Duas coletâneas de contos:
Dois Dedos (1945)
Histórias Incompletas (1946)
Histórias Incompletas (1946)
5. Um romance produzido coletivamente:
Brandão entre o Mar e o Amor (1942)
6. Duas traduções:
Memórias de um Negro (1940) de Booker T. Washington
A Peste (1950) de Albert Camus
A Peste (1950) de Albert Camus
Baseado em:
http://graciliano.com.br
Pretérito Imperfeito
O nome deste tempo verbal vem de imperfectum(que quer
dizer “não acabado”). Os fatos que não foram totalmente concluídos antes do
momento de fala entre falante/interlocutor, fatos contínuos e não terminados.
Segue a marcação por desinências características do PI se dá da seguinte forma na primeira conjugação:
Rad. + VT + -va/-vas/-va/-vamos/-veis/-vam; na segunda e terceira: Rad. + VT + -a/-as/-a/-amos/-eis/-am.
Por indução fonética, na primeira conjugação a VT “a” eleva-se para “e”. Ao contrário do que ocorre em PP, o
PI tem uma forma diferenciada na 1ª conjugação, mas a 2ª e 3ª conjugação
compartilham um mesmo paradigma. Por padrão, os verbos são paroxítonos, mas 1p
e 2p do PI são proparoxítonos, acentua-se o “i” para que não seja confundido
com outras formas e não se pronuncie, equivocadamente, como paroxítono.
Ex.:Eu falava de você todas as noites.
Vós que comíeis enquanto falam são muito nojentos.
Pretérito Mais-Que-Perfeito
Exprime uma ação acabada num passado anterior a outro
passado. O PMP não é exclusivo da Língua portuguesa, aparece na francesa (plus-que-parfait),
na espanhola (pretérito pluscuamperfecto, ou antecopretérito) e
na língua latina (plus-quam-perfectum ). As três conjugações são
diferentes entre si quanto a VT e sua acentuação, sendo o paradigma, Rad. + VT
+ -ra/-ra-s/-ra/-ra-mos/-reis/-ram.
Note-se que em 2p a VT é acentuada para marcar a
diferença com a 2p do Futuro do Presente Com forte presença em textos formais,
o PMP simples é raramente utilizado na linguagem oral, predominando a forma
composta que se faz da seguinte maneira, “ter/haver” no Pretérito do Imperfeito
+ verbo principal no Particípio Passado.
Ex.:
Ao falar com o marido, a esposa chegara mais perto.
Ele tinha contado as moedas antes de sair.
sábado, 23 de novembro de 2013
Pretérito Perfeito
O nome Perfeito advém do latim: perfectum(neutro de
perfectus-a-um) que quer dizer “acabado”, “completado”, i.e., podemos dizer que
o pretérito perfeito exprime uma ação acabada num passado próximo.
O pretérito perfeito possui desinências definidas e é
produzido na forma simples ou composta. O ato de decorar as desinências
compulsoriamente foi muito utilizado nas escolas para a fixação do conteúdo.
Mais que decorar, o falante deveria ser incitado a entender o que diferencia
uma e outra forma de passado.
Cumpre salientar que o falante identifica o tempo em que se
passa a conversa com seu interlocutor e seleciona o Pretérito Perfeito para
indicar que uma determinada ação já foi concluída e utiliza a forma Simples ou
Composta para expressar o ocorrido.
A forma simples é expressa por desinências da seguinte forma,
1ª, 2ª e 3ª Conjugação: Rad. + VT + -i/-ste/-u/-mos/-stes/-ram. Por indução
fonética, na primeira conjugação a VT característica é o “a”, mas sofre
elevação para “e” em 1s; a manutenção da VT típica com a desinência “i”, em 1s,
gera a 2p do Imperativo Afirmativo. Há uma alteração da VT na segunda
conjugação de “e” para “i” que se aglutina com a desinência modo-temporal; como
a VT da terceira conjugação é o “i”, a crase verificada na segunda conjugação
reaparece na terceira.
Pode se confundir a 1p do Presente do Indicativo com a 1p do
Pretérito Perfeito nas três conjugações, é facultada a utilização do acento
agudo no PP na penúltima sílaba para a primeira conjugação, que no dia a dia
não é marcado. A 3p do PP é idêntica a 3p do PMQP.
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, na base
IX, 4.º, faculta o uso do acento agudo em 1p do PP dos verbos da 1ª Conjugação
(ex.: apanhámos ou apanhamos). Recomenda-se, no entanto, que o acento seja
mantido em Portugal para fazer distinção entre as formas não acentuadas do
presente do indicativo (ex.: ganhamos).
Na forma composta vemos a repetição de uma determinada ação
ou a sua continuidade até o momento de comunicação entre os falantes. A locução
verbal que indica um fato ocorrido no passado e sua possibilidade de repetição
até o momento atual. A formação do PP Composto se dá com “ter/haver” no
Presente do Indicativo + verbo principal no Particípio Passado.
Exemplos:
Jantei com Maria semana passada.
Vimos muitos filmes este ano.
Toda esta semana tenho estudado para as provas.
Tu tens andado ocupado
Ele tem falado...
Nós temos caminhado...
Jantei com Maria semana passada.
Vimos muitos filmes este ano.
Toda esta semana tenho estudado para as provas.
Tu tens andado ocupado
Ele tem falado...
Nós temos caminhado...
São Paulo, referência na literatura romântica.
"Não existe uma literatura brasileira e sim uma literatura europeia praticada no Brasil."
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco?
Informações biográficas de Camilo Castelo Branco:
Data do Nascimento: 16/03/1825Data da Morte: 01/06/1890
Nasceu há 188 anos
Morreu aos 65 anos
Morreu há 123 anos
Camilo Castelo Branco (1825-1890) foi um escritor português. "Amor de Perdição" foi sua novela mais importante. Foi considerado o criador da novela passional portuguesa. Viveu uma vida agitada e teve vários casos amorosos que provocaram escândalos. Escreveu irreverentes crônicas para jornais. Ingressou na Escola de Medicina na cidade do Porto, mas não concluiu o curso. Dedicou-se à atividade literária, vivendo exclusivamente de seus trabalhos. Recebeu o título de Visconde concedido pelo rei de Portugal, D. Luis I.
Em 1843 ingressou na Escola Médico-Cirúrgica na cidade do Porto, mas não conclui o curso. Em 1845 publicou seus primeiros trabalhos literários. Em 1846 fugiu com a jovem Patrícia Emília, mas a abandonou poucos anos depois. No ano seguinte morreu sua esposa legítima, de quem estava separado, e a filha do casal morreu no ano seguinte.
Principais obras:
Mistérios de Lisboa (1854)
Duas épocas na vida (1854)
O livro negro do padre Dinis (1855)
Vingança (1858)
Carlota Ângela (1858)
A morta (1860)
O romance de um homem rico (1861)
Amor de perdição (1862)
Amor de salvação (1864)
O olho de vidro (1866)
O retrato de Ricardina (1868)
A mulher fatal (1870)
Doze casamentos felizes (1861)
Estrelas funestas (1861)
Estrelas propícias (1863)
Coração, cabeça e estômago (1862).
Obrigado e boa leitura.
Baseado em:
http://www.e-biografias.net/camilo_castelo_branco/
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Novo Acordo Ortográfico do Novo Acordo Ortográfico
(atualizado)
Em
2013, eu disse que o novo acordo ortográfico da língua portuguesa
estava ainda em processo de maturação e ainda sendo discutido mesmo
já tendo sido aprovado e valendo como forma padrão de escrita. O
senhor Ernani Pimentel propôs o seguinte:
acabar
com o uso da letra "h" antes das palavras;
acabar
com o uso do "ç", do "ss", "sc" e "xc"
(que seriam substituídos pelo "s" simples);
acabar
com o uso do hífen;
acabar
com o uso do dígrafo "ch" (que seria substituído pelo
"x");
acabar
com o uso da letra "u" em sílabas como “gue/que” e
“gui/qui”;
as
palavras passariam e ser escritas como o fonema aponta, como quando o
"x" e o "s" têm som de "z".
Essas
propostas nem estão sendo levadas em conta pela Comissão de
Educação do Senado, e ainda que fossem, deveriam passar por todos
os trâmites aqui no Brasil para, depois, serem encaminhados aos
outros países.
Resumo,
a obrigação do novo acordo foi prorrogada para a partir de
01/01/2016 e até lá vale as duas formas.
(versão
antiga)
O
linguista brasileiro Ernani Pimentel apresentou em Portugal um
projeto para simplificar o idioma português, que conta com uma
página na internet, na qual estudantes e professores podem fazer
sugestões.
A
reunião conjunta de sugestões ocorrerá até o fim do primeiro
semestre de 2014, para que o documento possa ser apresentado em
setembro do mesmo ano, quando terá lugar um simpósio
linguístico-ortográfico da língua portuguesa, em Brasília.
Pimentel critica alguns pontos do Novo Acordo, como o uso hífen.
Segundo o linguista, não existe qualquer lógica nas opções.
Exemplo disso é o caso de super-humano ser grafado com hífen, e
desumano não.
O
idealizador
Ernani
Pimentel é, há 50 anos, Professor de Língua Portuguesa, Teoria
Literária e Análise de Texto. Com mais de 10 mil páginas
publicadas, é autor de livros dirigidos ao final do ensino médio e
início do superior, como “Gramática pela Prática”, “Intelecção
e Interpretação de Textos”, “Análise Sintática Visual”,
“Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”, “Nova Ortografia
Simplificada”, ”Provas Comentadas de Língua Portuguesa” (em
três volumes) pela Editora Vestcon.
“O
que nós queremos?
O
Simplificando a Ortografia quer que, em vez das atuais 400 horas/aula
de ortografia ministradas desde o início do fundamental até o fim
do ensino médio, sejam utilizadas apenas (ou em torno de) 150. Quer
que os professores, alunos e profissionais de todos os ramos possam
escrever com mais segurança e desenvoltura, gastando muito menos
tempo. Quer que nas escolas o ensino de Português foque assuntos
mais importantes como leitura, análise, compreensão, interpretação
e criação de textos e, desenvolva no cidadão a competência
comunicativa, tão necessária para o engrandecimento de Angola,
Brasil, Goa, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e
Príncipe, Timor-Leste, e de seus filhos, onde quer que se
encontrem.”
Opinião
do blogueiro que aqui escreve:
Tenho
profundo receio quanto a este projeto, não por se tratar de algo que
ninguém vai entender ou que algum pseudolinguista queira se promover
às custas do governo e relações diplomáticas. Meu receio se
baseia no simples fato de que a chance de ser aceito em 2014, como
previsto, é quase nula. As tentativas de se unificar a ortografia da
língua portuguesa já vêm desde muito tempo, a partir de 1º de
janeiro de 2009 passou a vigorar no Brasil e em todos os países da
CLP (Comunidade de países de Língua Portuguesa) o período de
transição para as novas regras ortográficas finaliza em 31 de
dezembro de 2015. Nem bem o novo sistema foi implementado e já
querem altera-lo, o atual modelo tem falhas? Claro! Mas Portugal
relutou tanto que um projeto elaborado em 1990 e só começou a valer
em 2005, no Brasil de 2009 pra cá; sabemos que aqui as coisas ainda
estão confusas, mas e os outros países? Há linguistas muito
gabaritados oriundos de todos os países que integram a CLP, mas
Portugal é o principal embargador quando o assunto é reforma
ortográfica. A língua é deles, mas são minoria se somarmos a
quantidade de falantes brasileiros, moçambicanos, angolanos etc...
Bem
no começo do século XX, Portugal estabeleceu um modelo ortográfico
de referência para as publicações oficiais e ensino do Português.
Porém, essas normas não foram adotadas pelo Brasil. Por esse motivo
a ortografia da língua portuguesa foi alvo um longo processo de
discussão e negociação, com o objetivo de instituir, através de
um único tratado internacional, normas comuns que rejam a ortografia
oficial de todos os países de língua portuguesa.
Obrigado e boa leitura.
Baseado em:
Portalda Lingua Portuguesa
Professor propõe fim do "ç", "ch" e "ss" na língua portuguesa acessado em 02/11/14
Professor propõe fim do "ç", "ch" e "ss" na língua portuguesa acessado em 02/11/14
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
A Coisa
- Que que você ta fazendo?
- To coisando uma coisa aqui.
- E como ta ficando?
- Todo coisado...
Muito provavelmente
vocês já viram ou fizeram parte de um discurso assim. “COISA” é tão plural que
só há uma palavra para defini-la: Polissemia. Polissemia vem do grego “poli-” (muito, variado) e “sêma” (sinal, significação, ato, expressão),
i.e, multiplicidade de significados em uma mesma palavra.
Quando
você está com aquele vazio na mente enquanto arruma o carro e te perguntam: “ta
fazeno quê?” Sem sombra de dúvida a resposta será um “to coisando aqui”.
Podemos por analogia ver que a raiz seria “cois-” com vogal temática “-a-” e o
tema seria “coisa” mesmo. Pode-se usar em verbos, substantivos, adjetivos, mas
em advérbios é encontrado com pouca ocorrência.
Coisa
como verbo:
Coisar
pertence à 1ª conjugação, como todos os verbos “inventados”, padrão regular e é
utilizado quando a ação não está clara no entendimento do agente; sinônimo de
mexer e fazer, tem característica de não ser compreendido de pronto pelo
interlocutor, mas causa um desconforto tal que pode fazer com que a pessoa
desista de perguntar novamente ou aumente ainda mais a curiosidade. No futuro
do pretérito e no futuro do presente simples a ocorrência é menos natural e no
mais-que-perfeito é quase inexistente (também quase ninguém usa o mais-que-perfeito
mesmo...)
Aplicação
numa frase:
“Estou coisando o carro.”
“Ele coisou tudo aqui.”
“Vou coisar aquilo ali.”
“Aquele que, quando falava, coisava
tudo?”
Coisa
como substantivo:
Essa
é a mais comum, ou uma das, por se aplicar a qualquer objeto independente do gênero.
A coisa é tão comum que até mesmo seu professor na escola e faculdade
usam para explicar algo que, ou não quer revelar ou não consegue ter certeza do
significado. Gênero feminino e plural em “–s”, paroxítona e significado
incerto, característica principal é poder assumir em si qualquer significação
desejada, mas, assim como com a forma verbal, pode causar um desconforto que faz
com que a pessoa desista de perguntar novamente ou aumente ainda mais a
curiosidade.
Aplicação
numa frase:
“Me dá uma coisa pra apertar
aqui!!!!” (eu sei, pronome átono
não inicia frase... mas isso é língua falada, você não tem tempo e tem que
pedir logo qualquer objeto para apertar... depois você pensa na norma culta
padrão)
“Estou com alguma coisa no dente.”
“A coisa linda e maravilhosa que
você comprou era isso?”
Coisa
como adjetivo:
Assim
como o verbo e o substantivo, ao tentar definir um objeto, mas se sabe as
características do mesmo, a coisa pode ser coisada de várias
maneiras. Ao contrário do que vimos anteriormente, essa aplicação não gera um
desconforto que faz com que a pessoa desista de perguntar novamente ou aumente
ainda mais a curiosidade, o interlocutor entende de imediato do que se trata e
não refaz a pergunta por ter entendido o recado. A coisa como adjetivo é
tão produtiva quanto como substantivo, por vezes aparece “coisado”.
Aplicação
numa frase:
“Aquela mulher é uma coisa...”
“Isso ficou uma coisa.”
“A casa está toda coisada.”
“Aquela coisa coisada ali.” (coisada
está sendo empregada como adjetivo nesta frase)
Coisa
como advérbio:
...
Eu
pensei em algo naturalmente utilizável, mas as produções foram muito “forçadas”,
muito sintéticas, muito coisadas... acho que como advérbio não se
realiza com coisa...
Aplicação
numa frase:
“Ele saiu coisadamente da sala.” (eita...
essa “doreu”)
“Saí coiso...” (OMG)
“Percorri acoisadamente...” (pensei que
podia piorar... pelo visto...)
“Ele é tão coiso quanto ela...” (acho
melhor parar...)
Tudo
isso serviu para mostrar como a polissemia está presente no nosso dia a dia e
nem percebemos, quando o professor fala que “luz” adquire significado de “conta
de luz”, “pão e brotinho” se refere a homem ou mulher bonito(a), ele está
falando dessa coisa que você fica usando sem se dar conta. No Vestibular e no
ENEM, ficar repetindo palavras é ruim e, por mais que possa parecer adequado
ficar repetindo e repetindo as palavras, troque por sinônimos que realmente
tenham a ver com o desejado. Última dica, por mais que pareça óbvio para você,
para os outros uma palavra pode ter significado diferente e aí a coisa
vai pra coisa...
Obrigado e boa leitura.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Pessoas e os livros, relação de amor e ódio.
“Desde a democratização da internet mundo afora, cada vez menos livros
estão sendo lidos pelos adultos e menos ainda por crianças; se nos países ricos
está assim, no Brasil a coisa é muito pior, quando um brasileiro vai ler um
livro, só pega bobagem e coisa sem conteúdo de verdade pra ler.”
Para Paulo Freire, "a leitura do mundo precede sempre a leitura da
palavra”. O ato de ler é uma forma de alimentar não só o espírito, como também
vem da experiência existencial do indivíduo. A “leitura do mundo” dá-se
primeiro no campo sensorial, sentir o vento, o calor do sol, as texturas de
cada tipo de terreno; depois é que vem a “leitura da palavra” que tem regras fonético-fonológias,
gramaticais, sintáticas entre tantas outras amarras da leitura.
Já ouvi e disse muito aquele discurso inicial, mas como pode um povo que lê
pouco, ou não lê, estar entre os 10 países com maior faturamento no mercado
editorial? Se o brasileiro não lê, como explicamos a queda nos preços de livros
entorno de 40% e ainda temos a venda de cerca de 30 milhões de exemplares de
bolso, arrecadação no mercado brasileiro de pouco mais de R$6 bilhões?
A pesquisa Retratos da Leitura, divulgada no ano passado, constatou que metade
dos brasileiros com mais de 5 anos disse não ter lido nenhum livro nos últimos
três meses. É preocupante? Claro, mas é
perfeitamente compreensível se considerarmos o Brasil como um país em que há
poucas livrarias e as que há estão em locais mais elitizados, as bibliotecas
públicas que também não são muitas estão abandonadas e 20% das pessoas entre 15
e 49 anos são analfabetas funcionais. E quanto a outra metade da laranja? São pouco
mais de 88 milhões de leitores. Qualquer um tem um amigo nas redes sociais que
vez ou outra posta frases como “é muito livro pra pouco dinheiro”; provavelmente
a maior parte deles, são leitores ocasionais, mas não se pode afirmar que um
enorme potencial para crescimento, mas ainda há esperanças.
“Os verdadeiros
analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem.” (Mário Quintana)
Dicas de Young Adult (YA
não são livros com conteúdo adulto, diga-se de passgem; nomenclatura dada a
livros como Jogos Vorazes, God of War, Halo, etc) para começar a ler, ou ler
mais um pouco:
1. Divergente por
Veronica Roth
2. A Culpa é das Estrelas
por John Green
3. A Menina que Roubava
Livros por Markus Zusak
4. A Vida em Tons de
Cinza por Ruta Sepetys
Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil
Metáfora Conceptual, leves pinceladas.
Na linguística cognitiva, metáfora
conceptual, por vezes chamada de metáfora cognitiva, baseia-se na compreensão
de uma ideia, um domínio conceptual, em termos de outro. Por exemplo, ao se
deparar com certas expressões entendemos quantidade em termos de
direcionalidade (ex. "a luz está subindo"; será que a luz está em
algum tipo de máquina voadora, como um avião, e está subindo? No exemplo citado
a luz é uma imagem-acústica com “conta de luz” como referente, anaforicamente
falando).
Um Domínio Conceptual pode ser
qualquer organização coerente da experiência humana numa dada língua. Os
padrões perceptuais de cada língua/cultura nas diferentes línguas empregam, ou
não, as mesmas metáforas, que geralmente
aparentam ser baseadas na percepção, levou à hipótese de que o mapeamento de
domínios conceptuais corresponde à mapeamentos neuronais no cérebro (Feldman, J. e Narayanan, S. (2004). Embodied
meaning in a neural theory of language. Brain and Language,
89(2):385–392).
Expressões linguísticas
metafóricas estão presentes em nossas vidas, utilizadas no cotidiano. Metáforas
conceptuais delineiam não apenas nossa comunicação, mas também a maneira como
pensamos e agimos. Lakoff e Johnson sinalizam, em Metaphors We Live By (1980), que
as metáforas conceptuais estão mais presentes na fala do que podemos perceber.
Metáforas conceptuais são usadas para
entender teorias e modelos, por exemplo, uma metáfora conceptual utiliza uma ideia
(X) e a conecta com uma segunda ideia (Y), visando facilitar a compreensão da
cena proposta. Pergunto então, como poder exemplificar a questão das Metáforas
Conceptuais? A música abaixo, músicas normalmente têm muitas metáforas, tem no
mínimo uma metáfora se não toda ela é uma metáfora.
Poderia ser uma em português, mas
essa é mais clara mesmo em inglês. “Don’t stop me now” da banda britânica Queen:
Don't
Stop Me Now
1 Tonight I'm gonna have myself a real good time
2 I feel alive
3 And the world is turning inside out Yeah!
4 And floating around in ecstasy
5 So don't stop me now
6 Don't stop me
7 'Cause I'm having a good time having a good time
8 I'm a shooting star leaping through the sky
9 Like a tiger defying the laws of gravity
10 I'm a racing car passing by like Lady Godiva
11 I'm gonna go go go
12 There's no stopping me
13 I'm burning through the sky Yeah!
14 Two hundred degrees
15 That's why they call me Mister Fahrenheit
16 I'm trav'ling at the speed of light
17 I wanna make a supersonic man out of you
18 Don't stop me now
19 I'm having such a good time
20 I'm having a ball
21 Don't stop me now
22 If you wanna have a good time just give me a
call
23 Don't stop me now ('cause I'm havin' a good
time)
24 Don't stop me now (yes I'm havin' a good time)
25 I don't want to stop at all
26 I'm a rocket ship on my way to Mars
27 On a collision course
28 I am a satellite I'm out of control
29 I am a sex machine ready to reload
30 Like an atom bomb about to
31 Oh oh oh oh oh explode
32 I'm burning through the sky Yeah!
33 Two hundred degrees
34 That's why they call me Mister Fahrenheit
35 I'm trav'ling at the speed of light
36 I'm gonna make a supersonic woman of you
37 Don't stop me, don't stop me
38 I'm burning through the sky Yeah!
39 Two hundred degrees
40 That's why they call me Mister Fahrenheit
41 I'm trav'ling at the speed of light
42 I wanna make a supersonic man out of you
43 Don't stop me now
44 I'm having such a good time
45 I'm having a ball
46 Don't stop me now
47 If you wanna have a good time just give me a
call
48 Don't stop me now ('cause I'm havin' a good
time)
49 Don't stop me now (yes I'm havin' a good time)
50 I don't want to stop at all
“mundo está virando do avesso/E flutuando por aí em
êxtase” (versos 3 e 4)
“Eu sou uma estrela cadente saltando pelo céu/ Assim como
um tigre desafiando as leis da gravidade/ Eu sou um carro de corrida
ultrapassando como Lady Godiva” (versos de 8 a 10)
“E estou queimando pelo céu/ Duzentos graus/ É por isso
que me chamam de Senhor Fahrenheit/ Estou viajando na velocidade da luz” (versos
13 a 17)
“Eu sou um foguete em direção a Marte/ Numa rota de
colisão/ Eu sou um satélite, estou fora de controle/ Eu sou uma máquina de sexo
pronta pra recarregar/
Assim como uma bomba atômica prestes a/ Oh oh oh explodir”
(versos 26 a 31)
Posteriormente
essa música voltará na seção Interpretação de Poemas, mas no momento preste
atenção e veja se uma pessoa realmente é um foguete em direção à Marte? A “sex
machine” do Queen é a mesma de James Brown? Um ser humano pode viajar na
velocidade da luz? Ou a explicação para todas as metáforas aqui empregadas
está contida nos versos 3 e 4? Este post já está grande demaise paramos por
aqui, espero que tenham gostado dessa pincelada de Linguística com Rock n’ Roll,
até a próxima.
Obrigado e boa leitura.
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